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Mostrando postagens de abril, 2007

MULHERES

I As ruas não incomodavam muito Aparecida. Caminhava pela cidade como quem afronta o destino. Nas mãos as sacolas de compras, promoções de supermercado e dinheiro curto eram “verbos” que ela sabia conjugar muito bem. Quarenta e poucos anos... existem idades que jamais deveriam ser ultrapassadas... os olhos viçosos da mocidade apagavam-se lentamente e sabia das dores que aquela cabeça morena grisalhava. Ossuda, magra, como uma necessidade nordestina de viver, caminhava desafiando a saia justa... balançando a blusa de malha. Falseava às vezes o pé com um sapato de salto alto, mas que não tinha em si nenhuma graça especial. De longe avistou uma senhora sendo assaltada. Estacou. Não sabia se tinha medo se não tinha, as pernas tremiam ligeiramente... engoliu em seco.... num instante as mãos suavam. Escutava as ameaças do assaltante e as lamúrias queixosas da velha. Não sabia como agir. Aos poucos uma estranha força a envolveu e gritou: - Socorro! Po

SUICÍDIO EM SEIS CENAS

Trim...Trim...Trriimmmmmmmmm...trim...trriimmmmm. Trim...Trim...Trriimmmmmmmmm...trim...trriimmmmm. Trim...Trim...Trriimmmmmmmmm...trim...trriimmmmm. Trim...Trim...Trriimmmmmmmmm...trim...trriimmmmm. m... click! PAFT!! Acorda lento e preguiçoso, depois de esbofetear o relógio que, indignado, atirou-se do criado-mudo num baque surdo sobre o tapete, e este cortezmente, mas não sem um certo sacrifício, amorteceu-lhe a queda. _ Mais um dia! - suspira espreguiçando-se. Os olhos estreitos, apertados, denunciavam o filme que assistira madrugada a dentro.. Os cabelos revoltos testemunhavam mais um sono agitado. A custo decide-se abandonar o leito, dum salto? Não, bem lentamente, sentindo já um gostinho de saudade. Descalço pisa os frios azulejos do banheiro. Mira-se no espelho, como que observando o estragoque a noite fizer