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Mostrando postagens de novembro, 2012

Troquemos de Revista. Um grande NÃO para a Veja

Na coluna Leitor, da Revista Veja, desta semana, surgiram vários e-mails comentando ou protestando contra a matéria de J. R. Guzzo ("Parada Gay, Cabra e Espinafre") que circulou pelo Facebook através de uma onda de indignação. Depois dos vários e-mails dos leitores a Veja publicou a seguinte nota: “Nota da Redação: Veja lamenta que o artigo em questão tenha sido interpretado por alguns leitores de uma maneira que não coincide com as intenções do autor e da revista.” Sou a favor da liberdade de expressão. Então, até ler o artigo me calei. Lendo, fiquei de queixo caído como todos os que sabem como é viver a condição homossexual. Em meio a argumentos aceitáveis e a outros nada cabíveis, J. R. Guzzo deu sim vazão a uma enormidade de preconceitos.   A matéria em alguns momentos possui tom francamente ofensivo.   Sempre fui daqueles que lutaram pelos direitos gays, mas jamais fui pela “afirmação pela diferença”, que é um dos fios argumentativos daquele autor. Não acred

Escritores Brasileiros, internet e o preço para se publicar

No texto publicado anteriormente falávamos da visibilidade necessária do Escritor Brasileiro. E alguns dirão: “Ah, mas hoje com a internet...” Sim, Pelo que sei, os jovens escritores brasileiros estão se esforçando muito para ocupar a net. Em busca de visibilidade, no entanto, passaram a imitar – claro que sem as mesmas chances – o que alguns fizeram fora do Brasil. Existem sites e portais que se especializaram em hospedar literatura, contos, crônicas e poesias. O escritor coloca lá, ele emais vinte mil pessoas, é indexado. Para que serve? Para o site vender publicidade, pois vinte mil pessoas já acessam aquele lugar. Muitos escritores – para divulgarem as suas obras – dão cursos de como escrever livros. Criam Blogs, se esforçam para fazer tardes de autógrafos e escrevem quase todos os dias frases de marketing pessoal sem o menor sentido. Anunciam as suas supostas palestras – que serão gratuitas ou mal pagas – e cursos de “como escrever bem” ou “como virar escritor”. Já vi esc

O Escritor Brasileiro e a Visibilidade

            O Escritor Brasileiro não está em crise, pois para estar em crise é preciso existir. E, na contemporaneidade, só existe quem tem visibilidade, logo o escritor brasileiro não existe. A afirmação pode parecer radical, pois todos conseguem citar uma infinidade de escritores brasileiros, vejamos Paulo Coelho, Machado de Assis, Clarice Lispector, Caio Fernando Abreu, e... e... Lya Luft?! (não vale, essa tem propaganda da Veja). Acho que até se forçarmos um pouquinho a memória conseguimos nos lembrar de José de Alencar, forçando mais sai um Graciliano Ramos e quem sabe até -   como é o nome daquele de “Grande Sertão Veredas”? - Ah!! Lembrei mais um: Jorge Amado. Ufa! É, os clássicos não vale, a gente aprende na escola. Essa é a visibilidade mais garantida.             Com exceção de Caio Fernando Abreu, sem tirar nenhum mérito dos escritores citados, todos morreram faz tempo, ou ainda não foram informados que morreram. Estes contam com apoio incondicional da mídia. E, p

Narradores de si

Gosto da distinção entre autor e narrador.   A pessoa que escreve não é o narrador, o escritor alinhava um conjunto de técnicas e estabelece a narração e o narrador. A pessoa do escritor não é o narrador.   Quanto mais tempo fico na internet e nas redes sociais, mais concordo com esta definição. Vejo narradores todos os dias. Mesmo aqueles que não têm consciência deste processo estabelecem narradores, e por sua vez personagens. Muitos de nós entramos numa rede social, ávidos por pessoas e encontramos narradores. Narradores de si. Construindo personagens, ilustrando-as, glamurizando-as ou se detratando em público.   Seres discursivos, um texto, um discurso para cada ocasião. E, como escritor, confesso que nunca vi tanta gente àvida por leitores. E os discursos se constroem com partes do cotidiano, ou melhor, da interpretação do cotidiano, e há aqueles que introduzem neles o merchandising, se localizam nos lugares, fotografam os pratos, os parques, os papos... Em meu cotidia

Uma memória de nós homens

Geografia               Por alguma razão estranha Deus me fez um errante. Desde o dia em que praticamente não nasci até o presente, andar, mudar de cidades, mudar dentro da mesma cidade, tem sido o que tenho feito. Não desejo imitar um historiador e falar todas as coisas desde o princípio. Sei como se faz isso, mas o tempo no interior de cada um de nós não me parece linear. Então direi das coisas e dos lugares conforme me aparecem. Vou buscar o sentido de cada um deles e sua lembrança de acordo com o que fizeram por mim.             Em 1979, em torno de três horas da tarde, havia um céu extremamente azul... nuvens brancas e ao mesmo tempo pesadas, parecendo blocos de pedra passeavam pelo   infinito.   Eu não tinha doze anos ainda, e meu olhar se perdia esquecendo-se da terra... buscando refúgio entre as nuvens. Não havia quase vento apenas uma brisa que de tão leve assim mal poderia ser chamada... Eu morava numa região próxima à estrada de ferro, antiga FEPASA. É este céu ma